Morte de Rosemary Costa Pinto, que lutou contra pandemia no AM, completa 1 ano: ‘sempre trabalhou pelas pessoas’, diz família

Rosemary Costa Pinto foi diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. — Foto: Arthur Castro/Secom-AM

Leitora ávida, dedicada ao trabalho e bastante ligada à família. É assim que Rosemary Costa Pinto é lembrada por familiares. Neste sábado (22), completa 1 ano que ela morreu por complicações da Covid-19.

Rosemary foi uma das principais atuantes na linha de frente contra o coronavírus no Amazonas, desde o começo da pandemia. Ela era diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do estado, instituição que hoje carrega o seu nome.

Com mais de 27 anos de carreira, a epidemiologista foi uma das responsáveis pela implementação da FVS como órgão no Amazonas, e se tornou a primeira mulher a presidir a instituição.

“Ela nunca trabalhou pelo reconhecimento, sempre trabalhou pelas pessoas. Tanto é que até antes da pandemia, ninguém tinha ouvido falar da minha mãe. Na pandemia, por exemplo, acredito que, mesmo que as pessoas não cumprissem o que ela falava, elas ouviram e fizeram uma escolha”, declarou Mônica Pinto, filha de Rosemary.

Titular da Susam, Rodrigo Tobias, e diretora-presidente da FVS-AM, Rosemary Costa Pinto — Foto: Reprodução/Internet

Em nota, no ano passado, o governo descreveu Rosemary como “uma das bússolas do Amazonas na interpretação dos dados da pandemia no Estado”. Ela divulgava os dados diariamente à população, e também estava envolvida na tomada de decisões sobre medidas restritivas contra a Covid.

Rosemary morreu no dia 22 de janeiro de 2021, aos 61 anos, enquanto o Amazonas enfrentava a segunda onda da pandemia de Covid, quando foram registrados os piores índices e internações e mortes no estado até então.

Até esta sexta (21), mais de 13,8 mil pessoas morreram com Covid no Amazonas.

Exemplo para a família

Rosemary Costa Pinto era casada com o administrador João Marcos Pinto e mãe de três filhos: Mônica Pinto, Camila Pinto e Luciano Pinto. O g1 entrevistou duas filhas de Rosemary, Mônica e Camila, que relembraram a trajetória da mãe.

Rosemay e o pai. — Foto: Arquivo da família

Rosemay e Camila, filha mais nova da epidemiologista. — Foto: Arquivo pessoal

Mônica relembra as lições que aprendeu com as viagens que a mãe fazia quando trabalhava como laboratorista, em uma embarcação que percorria as comunidades no entorno de Manaus.

“Ela nunca deixou de estudar e desde o início da carreira trabalhou no serviço público. A gente ainda era pequena quando ela viajava e sofria com as idas. Mas a lição que aprendemos é a de que a nossa profissão tem um papel importante e se a gente faz isso com amor, a gente pode beneficiar não somente a nós como também a comunidade como um todo”, relembrou.

Rosemary, Marcos e a filha, Mônica. — Foto: Arquivo pessoal da família

Após a partida de Rosemary, foi difícil voltar à rotina. Segundo Camila, filha mais nova da Doutora Rose – como era chamada pelos colegas de trabalho -, perder a mãe foi como não ter mais um guia nos dias difíceis.

“Foi muito difícil, porque era pra ela que eu contava algo que acontecia no meu dia, perguntava se o batom estava bom, compartilhava momentos e situações, então foi perder alguém muito importante. É como se a gente tivesse em alto mar, numa tempestade, e tivesse perdido o farol”, compara.

Rosemary Costa Pinto era casada com o administrador João Marcos Pinto e mãe de três filhos: Mônica Pinto, Camila Pinto e Luciano Pinto. — Foto: Arquivo pessoal da família.

Vacina não chegou a tempo

Durante a segunda onda da pandemia, Rosemary era a única integrante da família que saía de casa para trabalhar.

Como epidemiologista, ela conhecia bem os protocolos que deviam ser aplicados para evitar a propagação da doença e, segundo as filhas, ela os cumpria rigorosamente.

Rosemary Costa Pinto, diretora da FVS, é diagnosticada com Covid — Foto: Divulgação

Mesmo assim, no dia 5 de janeiro de 2021 ela foi diagnosticada com Covid-19, e iniciou tratamento domiciliar. Entretanto, ela necessitou de internação hospitalar no dia 11 de janeiro.

“Toda essa situação me leva à reflexão de que um instante pode ser suficiente para uma contaminação. Ela cumpria tudo rigorosamente e mesmo assim, qualquer momento de falha pode ter sido suficiente. Eu acredito que se ela estivesse vacinada naquela época, com os protocolos que ela seguia, ela estaria segura”, disse Mônica.

Rosemary morreu quatro dias após a chegada de vacinas contra Covid no Amazonas.

O legado

Em julho do ano passado, o lugar que Rosemary ajudou a criar ganhou um novo nome. A FVS passou a se chamar Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) em homenagem à epidemiologista.

O legado de Rosemary também se estende à docência. Durante anos ela lecionou sobre epidemiologia e saúde coletiva no curso de medicina de uma faculdade particular em Manaus.

Ela também integrou a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo (PROEPI), além da Câmara Técnica de Vigilância em Saúde do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde.

FVS no Amazonas ganha nome de Drª Rosemary da Costa Pinto em homenagem a ex-diretora

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