Em Manaus, dose de reforço diminuiu casos de Covid em 80% em trabalhadores com comorbidades

Estudo começou em março de 2021 e na primeira fase vacinou mais de 5 mil pessoas. — Foto: Divulgação

A aplicação de doses de reforço da vacina contra a Covid-19 em profissionais da educação e da segurança pública com comorbidades reduziu em 80% a quantidade de casos de infecção pela doença. Os dados são do estudo Covac Manaus.

De acordo com a médica infectologista e coordenadora do estudo, Maria Paula Mourão, 4.400 pessoas participaram da segunda fase da pesquisa, que aplicou a dose de reforço da Astrazeneca nos participantes, entre os meses de outubro e novembro. Desses, apenas 26 testaram positivo para a doença e, até o momento, todos apresentaram ou apresentam quadros leves da doença.

“A partir do reforço então nós já temos registrado 26 infecções por Covid depois da terceira dose, sendo 100% das infecções em formas leves. Nenhum paciente foi hospitalizado e nenhum evoluiu para óbito. E dessas 26 infecções, a grande maioria delas ocorreu agora em janeiro, concordando com esse quadro que a gente tem visto no país como um todo. De novo a gente confirma a nossa impressão de que a vacina protege e protege muito”, disse.

Médica infectologista apresenta dados sobre estudo Covac Manaus

Médica infectologista apresenta dados sobre estudo Covac Manaus

O estudo, que começou em março de 2021, vacinou na primeira fase mais de 5 mil pessoas. No entanto, o número de infecções entre os participantes naquela ocasião foi um pouco maior: 130. Desses, quatro pessoas evoluíram para formas graves da doença e uma morreu em decorrência da doença.

“Isso demonstrou, para a gente, uma proteção da vacina superior aquilo que vinha sendo divulgado nos estudos iniciais.Os nossos participantes são pessoas vulneráveis, que tem doenças crônicas, e mesmo nessas pessoas a gente consegue uma proteção vacinal muito significativa e a gente sabe que a vacina não foi feita para evitar contaminação pelo coronavírus. A vacina, nesse primeiro momento, tem o objetivo de evitar hospitalizações e óbitos”, explicou.

Paula explicou que 600 pessoas que participaram da primeira fase não quiseram participar da segunda etapa. Segundo ela, os motivos foram diversos, mas não vão impactar no resultado final.

“Algumas não queriam tomar a vacina da Astrazeneca, outras achavam que não tinha necessidade de fazer uma terceira dose e outras não queriam mais participar da pesquisa, fazer as visitas trimestrais, os contatos mensais por telefone e desistiram. Do ponto de vista estatístico nós conseguiríamos ter uma perda de até 25%, então nós não chegamos nem a metade disso. Mas a gente segue monitorando alguns desses pacientes”, disse.

Participantes receberam dose de reforço da Astrazeneca. — Foto: Sandro Araújo/ Agência Saúde

A pesquisadora também falou sobre a possível aplicação de uma quarta dose entre participantes da pesquisa. Isso porque, a Prefeitura de Manaus começou a aplicar o segundo reforço vacinal em imunossuprimidos. No entanto, ela acredita que a pesquisa não deve seguir essa linha.

“Nós temos um grupo muito pequeno de imunocomprometidos dentro do estudo e não temos possibilidade de oferecer a quarta dose. O estudo não pode comprar vacina, dependemos de doação, geralmente de instituto de pesquisa. Na primeira fase foi doação do Instituto Butantan e a segunda foi da Fiocruz. Mas a recomendação do Ministério da Saúde é que essa quarta dose seja de Pfizer e não temos como conseguir doação, temos que comprar”, falou.

Por fim, a médica também falou sobre os resultados preliminares da pesquisa. Ela avaliou que a ausência de casos de internação e mortes entre os participantes é confirmada pelo cenário nacional e global da pandemia, e que isso é fruto da vacinação. “A gente vê casos de covid aumentando em escala importante, mas não vemos o aumento de óbitos e hospitalizações e o único fenômeno diferente que nós temos de um ano para cá é a vacinação, porque não tem medicação nova, nenhuma outra medida que não seja a vacina”, finalizou.

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