Menino recebe dose da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em Roma, na Itália, em 15 de dezembro, dia que marcou o início da vacinação de crianças contra a doença na Europa. — Foto: Andrew Medichini/AP
O Amazonas registrou, até o dia 21 de dezembro de 2021, 67 óbitos de crianças de 0 a 9 anos. Os dados são da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), que monitora o avanço da doença no estado.
Conforme o painel de monitoramento, até aquela data, foram registradas 62 mortes de crianças abaixo de 5 anos, e sete na faixa etária de 5 a 9 anos.
Os dados, no entanto, não mostram quantos ocorreram em crianças de até 11 anos, pois esse grupo está dentro da faixa etária de 10 a 14 anos.
Além de mortes, os casos da doença entre as crianças também são altos. Até aquele período, foram contabilizados 12.263 casos entre crianças abaixo de 5 anos, e 7.181 naquelas de 5 a 9 anos. Ao todo, foram registrados mais de 1.400 internações nessas mesmas faixas etárias.
Para o infectologista Nelson Barbosa, as crianças com comorbidades são as mais afetadas pela doença. Ele disse que o número é grave e poderia ter sido evitado com a vacinação.
“Com certeza a vacinação poderia ter evitado essa quantidade de óbitos. Estamos falando de 67 vidas perdidas. Não é um número, são vidas. É claro que a vacinação não tem ainda um efeito de 100%, nem todas as vacinas tem. A da covid, a função é justamente evitar que a pessoa evolua para um quadro grave”, explicou.
Barbosa acredita que é preciso correr contra o tempo para que os números não evoluam ainda mais. Segundo ele, países como o Estados Unidos, vê disparar casos e internações entre os mais jovens.
Ainda em 2021, o Ministério da Saúde chegou a cogitar a exigência de receita médica para imunização dessa faixa etária. Além disso, foi aberta uma consulta pública para decidir sobre a obrigatoriedade da aplicação do imunizante para as crianças. No entanto, no início do ano o Governo voltou atrás e disse que não exigirá comprovação médica e que a vacinação deve começar ainda em janeiro. No Amazonas, a previsão é que a vacinação comece no dia 17.
“Essa demora da vacina por conta de atitudes das nossas autoridades só facilita que o vírus atinja mais crianças e essas com comorbidades evoluam para o óbito. A vacina chegou, no outro dia ela chegar nos locais de vacinação e começar a ser administrada nas crianças. É importante fazer essa cobertura vacinal, fechar esse ciclo, porque esse vírus tá acometendo muitas crianças e pessoas que não foram vacinadas, como estamos vendo, inclusive, nos Estados Unidos”.
O que o Amazonas já decidiu sobre a vacinação das crianças
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) e a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) receberam no início do mês um informe técnico do MS sobre esta etapa.
O imunizante a ser usado é o da Pfizer (Comirnaty – Pfizer/Wyeth), específica para crianças, com rótulo de cor laranja. A composição destinada para o público infantil teve segurança e eficácia atestadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O intervalo entre a primeira e segunda dose será de oito semanas.
Não há exigência de apresentar prescrição médica para a vacinação no estado, mas os pais ou responsáveis pela criança devem estar presentes manifestando concordância com a imunização. O escalonamento para a vacinação contempla, inicialmente, crianças com deficiência permanente ou com comorbidades.
O cronograma segue com indígenas e quilombolas; crianças que vivem em lar com pessoas com risco para evolução grave de Covid-19. Após esses públicos, a vacinação vai estar disponível para as crianças sem comorbidades na seguinte ordem: crianças entre 10 e 11 anos; entre 8 e 9 anos; 6 e 7 anos; e com 5 anos de idade.
As orientações do PNI/MS também destacam que a vacina contra Covid-19 deve ser administrada com intervalo de 15 dias da aplicação de outras vacinas do calendário infantil.
Somente em Manaus, mais de 305 mil crianças estão aptas a receber o imunizante. Conforme explicou a secretária de saúde da capital, a prefeitura está finalizando o plano operacional de vacinação do público infantil.
“A Anvisa fez recomendações importantes para a vacinação dos menores de 5 a 11 anos. Entre elas estão o atendimento em salas específicas, segregadas da vacinação de adultos, e o monitoramento dos vacinados por 20 minutos após a aplicação da dose”, observou a secretária.