Pacientes com Covid-19 são levados ao Hospital Delphina Aziz em janeiro de 2021, em Manaus. — Foto: Divulgação
O Amazonas voltou a endurecer restrições por conta da pandemia da Covid-19 neste mês de janeiro. Grandes eventos foram suspensos, além de blocos carnavalescos e até cruzeiros. As medidas visam barrar o avanço da variante ômicron no estado, registros de coinfecção de coronavírus e H3N2 e um aumento de casos das doenças.
No entanto, apesar dos números voltarem a subir neste começo de ano, os patamares estão longe daqueles vividos em janeiro do ano passado – veja dados abaixo.
Na época, o Amazonas enfrentou um caos na Saúde com a segunda onda da Covid-19. Foi registrado recorde de casos, internações e mortes, falta de oxigênio nos hospitais e até foi preciso transferir pacientes para outros estado, com a superlotação no sistema local.
Até este sábado (8), mais de 13,8 mil pessoas morreram com Covid no Amazonas desde o começo da pandemia.
Ao g1, o infectologista Nelson Barbosa informou que a vacinação é a grande responsável pela mudança no cenário da pandemia.
“A vacinação está mudando todo esse cenário. É claro que existe o perigo dessa nova variante, a ômicron, chegar e aumentar a demanda de pacientes procurando as unidades de saúde. Mas o que nós estamos percebendo é que quem tomou as duas doses e a dose de reforço tem uma resposta muito boa para ela, faz um quadro leve a moderado. O perigo são pessoas quem tem alguma comorbidade, que podem evoluir para o óbito”, alertou.
Vacina contra Covid é aplicada em Manaus. — Foto: Divulgação
Em números gerais, de 1º a 7 de janeiro de 2021, o Amazonas registrou 7.785 casos da doença, 1.183 internações e 162 óbitos em decorrência da doença.
Agora em 2022, no mesmo período, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) tem a notificação de 1.145 casos, 52 internações e 8 óbitos.
Apesar dos números ainda não se igualarem a janeiro de 2021, eles acenderam um alerta nos órgãos de controle da pandemia.
Para o infectologista, para que os índices continuem relativamente baixos, é preciso incentivar a vacinação da população. Segundo o vacinômetro da FVS, apenas 54% do estado está totalmente imunizado contra a Covid.
“Para que continuemos com esses números, que não estão tão baixos, mas longe de janeiro do ano passado, temos que incentivar a vacinação e manter as medidas não farmacológicas, como o uso de máscara, uso do álcool e o distanciamento social. Com isso conseguiremos evitar uma maior proliferação não apenas da Covid, como também do H3N2”.
Em nota, a FVS também atribuiu a mudança de cenário à introdução da vacina contra a Covid-19, associada às medidas não farmacológicas como o uso de máscaras, higienização das mãos e o distanciamento entre as pessoas. Para a diretora-presidente da fundação Tatyana Amorim, apesar de não serem obrigatórias, as vacinas são fundamentais para o controle do cenário pandêmico: “São estratégias integradas […] que visam evitar um novo colapso com explosão de casos graves e óbitos pela doença. A vacina não é obrigatória, mas é o nosso principal instrumento de controle da Pandemia da Covid-19”.
Janeiro foi o mês mais devastador, desde o início da pandemia, no Amazonas
Vacinação de crianças
Barbosa alertou ainda sobre a necessidade da imunização das crianças. Para ele, é preciso dar um basta nas fake news que mais atrapalham do que ajudam no processo.
“Nós perdemos muito com o atraso na vacinação das crianças. 30 países já estão imunizando e o Brasil ficou para trás. Só aqui [no Brasil] tivemos mais de 2.500 óbitos na faixa etária de 5 a 18 anos. De 5 a 11 anos tivemos 311 [óbitos] e a nossa autoridade maior diz que isso não é nada”, lamentou.
De acordo com o levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, somente a capital Manaus tem 305 mil crianças, de 5 a 11 anos, aptas para receber o imunizante.
A vacinação dessa nova faixa etária, autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), deve começar assim que as vacinas forem entregues pelo Ministério da Saúde.
Restrições de eventos
Prefeito de Manaus, David Almeida, mandou suspender festas e blocos de rua. — Foto: Divulgação
Nessa sexta-feira (7), o prefeito de Manaus, David Almeida, mandou suspender festas e blocos de rua. A decisão levou em conta o cenário de pandemia, casos de dupla infecção de Covid e influenza e o registro da variante ômicron, da Covid-19, na cidade.
Logo em seguida, o governador Wilson Lima também assinou um decreto que suspende a realização de grandes eventos no Amazonas, e limita o público máximo de 200 pessoas. A medida de prevenção à disseminação da Covid-19 vale a partir deste sábado (8), por tempo indeterminado.
Para o infectologista, as medidas vieram um pouco atrasadas, mas mesmo assim devem ajudar a frear um novo avanço da doença no estado. “Essa medida devia ter sido adotada em dezembro quando começou a subir o número de casos e com a ameaça da nova variante. É de muito bom tom”.
Ele também alertou sobre a necessidade de incentivar a vacinação antes que o estado possa a ter uma nova piora considerável da pandemia: “Cada pessoa não vacinada pode ser um campo para o coronavírus criar uma nova variante e talvez a próxima [variante] pode vir mais letal”.