Rio Negro já está em processo de cheia. — Foto: Ariane Alcântara/g1 AM
O nível do Rio Negro em Manaus atingiu cota recorde para os cinco primeiros dias do ano, segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM). O rio chegou a 24,11 metros nesta quarta-feira (5), a maior cota da história registrada neste período. Apesar disso, nenhuma família está sendo afetada ainda.
De acordo com os dados do CPRM, até então, a maior cota do Rio Negro até o dia 5 de janeiro havia sido registrada em 1994, quando o nível chegou a 23,91 metros.
Os outros três maiores registros foram em 1987, com a cota de 23,36 metros, em 2020, com 23,18 metros e em 1974, quando o nível do rio chegou a 23,06 metros.
Apesar da cota recorde neste começo de ano, o pesquisador do CPRM, André Martinelli, afirmou que ainda não é possível prever se o Rio Negro irá superar a cheia histórica do ano passado, quando o nível chegou a 30,02 metros em junho.
Segundo ele, desde que o rio Negro iniciou o processo de vazante em 2021, o nível permaneceu acima do esperado. O cenário ainda é o mesmo observado neste início de janeiro.
Martinelli explicou que é necessário analisar o comportamento da subida do rio durante, pelo menos, os três primeiros meses do ano, para então ter uma previsão mais consolidada se a cheia será severa ou dentro da normalidade.
“Janeiro já vai nos dar uma boa pista. Em fevereiro, talvez, a gente já tenha condições não de acertar a previsão, mas pelo menos ter uma ideia de magnitude, para em Março a gente fazer um anúncio do que se espera em termos de valor para a cota”, informou o pesquisador.
Ações de prevenção à cheia
Ainda conforme o pesquisador do CPRM, o acompanhamento do nível do Rio Negro feito pelo órgão é importante para orientar a Prefeitura de Manaus e o Governo do Amazonas para iniciarem ações de prevenção aos impactos que a cheia pode causar.
“Mesmo a gente não podendo afirmar sobre magnitude e valor de cota, a gente sugeriu que fosse antecipado os trabalhos de prevenção frente a uma possibilidade de grande cheia. Quando mais cedo você trabalhar no ataque a esses transtornos que a gente já conhece, principalmente direcionado a populações que vivem em áreas de risco, quanto antes antecipar isso, mais vidas se preserva”, contou.
Cheia hisatórica do Rio Negro em 2021 causou alagamento de ruas em Manaus. — Foto: Divulgação
Na segunda-feira (3), a Prefeitura de Manaus anunciou um pacote de ações que visa combater os danos causados pelo inverno amazônico e uma possível cheia histórica do rio Negro em 2022.
Entre as principais ações apontadas estão serviços de drenagens profunda, desobstruções de bueiros entupidos e assoreamento de igarapés e galerias.
A prefeitura disse também que um planejamento está preparado para atender a população com o intuito de não causar danos materiais e físicos aos moradores de áreas de risco que costumam ser afetadas durante o período de cheia.
AM estima que meio milhão de pessoas sejam afetadas por cheia
Em dezembro, o governador Wilson Lima disse que, se o ritmo de subida dos rios continuar acelerado, existe a possibilidade de que todos os municípios sejam afetados pela cheia de 2022.
Na ocasião, Lima disse que, de nove calhas do estado, a única que não apresentava níveis elevados era do Rio Madeira, e que os efeitos da cheia do estado já devem começar aparecer no final de janeiro.
O governo reuniu diversos órgãos para debater o assunto. A expectativa é meio milhão de pessoas sejam afetadas, por isso a urgência em propor um plano.
“Estamos fazendo uma ordem de investimento de R$ 100 mil e isso inclui ajuda humanitária, montagem de estruturas flutuantes, como hospitais e delegacias, abastecimento de água potável, crédito através da Afeam, ações na área de do setor primário, dentre outras ações”, disse.